Ozzy foi abandonado em 2005 num pet shop de Natal (RN), por ser epilético.
Adotado, hoje vive perfeitamente, com as convulsões sob controle.
Por Isis Mastromano Correia
O abandono de animais nas férias de final de ano cresce 20% na região, apontam especialistas em defesa animal. São pelo menos 5.000 animais que se juntam nessa época do ano ao contingente de 800 mil cães e gatos de rua do Grande ABC - quantidade similar à população de São Bernardo.
Levantamento da Aspapet (Associação Paulista de Pet Shops) indica que no restante do ano a média de animais abandonados é de 2.500 a cada mês.
O fenômeno do abandono em época de festas de final de ano vem se tornando comum devido à banalização e comércio desenfreado de filhotes e sobretudo ao comportamento de posse irresponsável de alguns donos.
Se antes os animais eram amarrados na beira de estradas ou deixados na frente dos centros de zoonoses, hoje, novas e cruéis modalidades de desistência de um animal são cada vez mais observadas por veterinários e ativistas dos direitos animais.
O chamado abandono premeditado está transformando os pet shops e hotéizinhos, paraísos de consumo da indústria animal, em verdadeiros orfanatos de cães e gatos.
Pessoas que querem se livrar de um animal marcam uma sessão de banho e tosa ou uma estadia nos estabelecimentos e depois de terminado o serviço, quando o cão deveria ser devolvido, descobre-se que o telefone e o endereço fornecidos são falsos.
"Trata-se de uma covardia de pessoas que ficam com a consciência pesada e deixam o animal em um lugar que acreditam ser um possível novo lar", diz o presidente da ONG Arca Brasil, Marco Ciampi.
Mas, longe de ser uma nova casa para o bicho desprezado, é no local onde ocorre o abandono que começa a saga para se encontrar uma nova família que queira adotá-lo.
Silvia Valente, presidente da Aspapet entende bem como funciona o círculo vicioso abandono-adoção. Este ano, seu pet shop, em Santo André, deve fechar dezembro com, pelo menos, 30 animais abandonados por pessoas que se passaram por clientes. "Somente esta semana (quatro dias antes do Natal) já deixaram três cachorros aqui", relata Silvia.
Entre estes animais, entraram para a fila de adoção uma poodle e dois vira-latas. "O abandono é principalmente dos cães de raça como lhasa apso e poodle, raças da moda", explica Silvia. Cachorros que chegam a custar R$ 500 no acirrado mercado de filhotes.
Alguns pet shops passaram a fazer marcação cerrada em novos clientes pedindo até CPF e comprovante de residência para cadastro.
Utilização como presente requer cuidado
É também no final do ano que a história de um abandono futuro pode começar. "As pessoas querem agradar a mãe, a namorada, e dão um cão e um gato. Às vezes é o início de um ciclo que pode não dar certo pois se está recebendo um presente que não se está pronto para receber", alerta o presidente da Arca Brasil, Marco Ciampi.
Os tão populares fogos de artifício também propulsionam os animais a fugirem de casa e se juntarem ao grupo de bichos errantes.
"Nesse caso são os próprios donos que dão a possibilidade deles (animais) saírem para as ruas", observa Ana Maria Matenaur, da entidade Cães de Estrada, de São Bernardo. "O desespero deles é muito e sem o dono por perto não há como controlá-los.
Atualmente Ana cuida de pelo menos 130 animais que perambulam por conhecidos locais de desova como as estradas Névio Carlone e Índio Tibiriçá e bairros periféricos como Riacho Grande e Estoril. Até o final das férias de janeiro ela espera o aumento do contingente.
Com audição até cinco vezes mais aguçada do que a dos humanos, gatos e principalmente cães se assustam com o barulho dos rojões, buscam proteção nas ruas e como resultado, acabam perdidos. Vale colocar coleiras com a identificação e endereço do animal de estimação para que ele possa ser devolvido.
Desculpas vão de viagem inesperada a cor do pêlo
A desculpa de uma viagem inesperada, o preço dos hotéizinhos que cobram em média R$ 20 a diária, desemprego ou orçamento familiar diminuído. As alegações de quem abandona um animal nas férias são das mais variadas e passam ainda pelas mais esdrúxulas como não gostar de seu comportamento e até mesmo da cor de seu pêlo.
"O vínculo entre o homem e o animal que ele se dispõe a criar tem de ser trabalhado. Ele (dono) tem de entender que o bicho vai viver pelos menos 15 anos", alerta Marco Ciampi.
A Arca Brasil não recolhe animais da rua, mas, em época de férias e final de ano o número de e-mails e ligações de pessoas que querem entregar um animal ou resolver o problema de um bicho que foi abandonado dobra neste período.
Ciampi observa que pelo menos 10% dos animais abandonados em meados de dezembro são de raça definida.
"As leis existem, mas são ainda muito brandas quando o assunto é punição para os donos de animais domésticos", avalia a advogada especializada em defesa animal Renata Gonçalvez.
No Estado há em vigor o Código de Proteção aos Animais e a lei que dispõe sobre o controle da reprodução de cães e gatos.
"Faltam dispositivos que obriguem a implantação de chips nos animais para que os donos possam ser identificados e punidos", defende Renata. "Não se investe nisso por falta de vontade mas também de dinheiro. Um chip sai em média R$ 5. Multiplique isso por toda população de bichos", sugere a especialista.
* Fonte: Diário do Grande ABC (abril de 2009)
Levantamento da Aspapet (Associação Paulista de Pet Shops) indica que no restante do ano a média de animais abandonados é de 2.500 a cada mês.
O fenômeno do abandono em época de festas de final de ano vem se tornando comum devido à banalização e comércio desenfreado de filhotes e sobretudo ao comportamento de posse irresponsável de alguns donos.
Se antes os animais eram amarrados na beira de estradas ou deixados na frente dos centros de zoonoses, hoje, novas e cruéis modalidades de desistência de um animal são cada vez mais observadas por veterinários e ativistas dos direitos animais.
O chamado abandono premeditado está transformando os pet shops e hotéizinhos, paraísos de consumo da indústria animal, em verdadeiros orfanatos de cães e gatos.
Pessoas que querem se livrar de um animal marcam uma sessão de banho e tosa ou uma estadia nos estabelecimentos e depois de terminado o serviço, quando o cão deveria ser devolvido, descobre-se que o telefone e o endereço fornecidos são falsos.
"Trata-se de uma covardia de pessoas que ficam com a consciência pesada e deixam o animal em um lugar que acreditam ser um possível novo lar", diz o presidente da ONG Arca Brasil, Marco Ciampi.
Mas, longe de ser uma nova casa para o bicho desprezado, é no local onde ocorre o abandono que começa a saga para se encontrar uma nova família que queira adotá-lo.
Silvia Valente, presidente da Aspapet entende bem como funciona o círculo vicioso abandono-adoção. Este ano, seu pet shop, em Santo André, deve fechar dezembro com, pelo menos, 30 animais abandonados por pessoas que se passaram por clientes. "Somente esta semana (quatro dias antes do Natal) já deixaram três cachorros aqui", relata Silvia.
Entre estes animais, entraram para a fila de adoção uma poodle e dois vira-latas. "O abandono é principalmente dos cães de raça como lhasa apso e poodle, raças da moda", explica Silvia. Cachorros que chegam a custar R$ 500 no acirrado mercado de filhotes.
Alguns pet shops passaram a fazer marcação cerrada em novos clientes pedindo até CPF e comprovante de residência para cadastro.
Utilização como presente requer cuidado
É também no final do ano que a história de um abandono futuro pode começar. "As pessoas querem agradar a mãe, a namorada, e dão um cão e um gato. Às vezes é o início de um ciclo que pode não dar certo pois se está recebendo um presente que não se está pronto para receber", alerta o presidente da Arca Brasil, Marco Ciampi.
Os tão populares fogos de artifício também propulsionam os animais a fugirem de casa e se juntarem ao grupo de bichos errantes.
"Nesse caso são os próprios donos que dão a possibilidade deles (animais) saírem para as ruas", observa Ana Maria Matenaur, da entidade Cães de Estrada, de São Bernardo. "O desespero deles é muito e sem o dono por perto não há como controlá-los.
Atualmente Ana cuida de pelo menos 130 animais que perambulam por conhecidos locais de desova como as estradas Névio Carlone e Índio Tibiriçá e bairros periféricos como Riacho Grande e Estoril. Até o final das férias de janeiro ela espera o aumento do contingente.
Com audição até cinco vezes mais aguçada do que a dos humanos, gatos e principalmente cães se assustam com o barulho dos rojões, buscam proteção nas ruas e como resultado, acabam perdidos. Vale colocar coleiras com a identificação e endereço do animal de estimação para que ele possa ser devolvido.
Desculpas vão de viagem inesperada a cor do pêlo
A desculpa de uma viagem inesperada, o preço dos hotéizinhos que cobram em média R$ 20 a diária, desemprego ou orçamento familiar diminuído. As alegações de quem abandona um animal nas férias são das mais variadas e passam ainda pelas mais esdrúxulas como não gostar de seu comportamento e até mesmo da cor de seu pêlo.
"O vínculo entre o homem e o animal que ele se dispõe a criar tem de ser trabalhado. Ele (dono) tem de entender que o bicho vai viver pelos menos 15 anos", alerta Marco Ciampi.
A Arca Brasil não recolhe animais da rua, mas, em época de férias e final de ano o número de e-mails e ligações de pessoas que querem entregar um animal ou resolver o problema de um bicho que foi abandonado dobra neste período.
Ciampi observa que pelo menos 10% dos animais abandonados em meados de dezembro são de raça definida.
"As leis existem, mas são ainda muito brandas quando o assunto é punição para os donos de animais domésticos", avalia a advogada especializada em defesa animal Renata Gonçalvez.
No Estado há em vigor o Código de Proteção aos Animais e a lei que dispõe sobre o controle da reprodução de cães e gatos.
"Faltam dispositivos que obriguem a implantação de chips nos animais para que os donos possam ser identificados e punidos", defende Renata. "Não se investe nisso por falta de vontade mas também de dinheiro. Um chip sai em média R$ 5. Multiplique isso por toda população de bichos", sugere a especialista.
* Fonte: Diário do Grande ABC (abril de 2009)
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