domingo, 29 de maio de 2011

QUANDO ADOTEI THEODORO


Por Priscila Morelatto

Era manhã de sábado, 23 de abril de 2005. Eu tinha acabado de chegar no trabalho. Minha mãe na época tinha uma banca de jornal, e nós revezávamos. Naquele dia eu que tinha ido abrir a banca. Ficaria aberto até a hora do almoço mais ou menos. Quando cheguei, de manhã, comecei a varrer a calçada e nisso um cachorrinho, pequeno, frágil e assustado, passou por ali. Ao me ver com uma vassoura na mão se encolheu, acho que com medo de que eu fosse bater nele. Me deu dó. Mas tentei esquecer e voltei ao trabalho. A manhã passou e na hora do almoço baixei as portas. Eu voltava a pé para casa. E numa certa altura do meu caminho de volta, quem eu encontro? O mesmo cachorrinho. Não resisti. Me aproximei dele, com cuidado por não saber se ele era bravo ou não. No início ele rosnou um pouco, mas depois aceitou meu carinho. Peguei-o no colo e o trouxe para casa. Ele estava sujo, malcheiroso, mal alimentado, cheio de sarna e com o cotozinho de rabo torto, certamente resultado de uma fratura.

Eu lamentava, mas sabia que não poderia ficar com ele. Na época eu já tinha uma Husky com quase 9 anos de idade, a Breda, e minha mãe não ia gostar de ter outro bichinho em casa. Minha ideia era tirá-lo da rua, cuidar dele, e torcer pra algum vizinho ou conhecido adotá-lo. Levei-o ao veterinário, que disse que ele devia ter uns 6 anos de idade. Apesar da pouca idade, faltavam muitos dentes, resultado da má alimentação/desnutrição que ele viveu nas ruas. Eu e minha avó, que mora comigo, cuidamos do Théo, demos banho, remédios, vacinas, vermífugo... ele sarou, engordou.

Claro que enquanto o Théo estava "de quarentena" ficou separado da Breda, em outro quintal, para que a sarna dele não passasse para ela. Ninguém quis adotar o Théo; mas isso foi bom, pq eu e minha avó -o resto da casa tb, mas nós duas principalmente- fomos nos apegando muito a ele. E assim ele acabou ficando aqui em casa.

As ruas deixam sequelas profundas nos animais. O Théo tem o rabo quebrado, várias cicatrizes, e tem a coluna meio torta. Eu nunca saberei ao certo o sofrimento que ele enfrentou na rua. Mas o que importa é que hoje ele vive aqui comigo e recebe todo o cuidado e carinho. Há cerca de um ano ele perdeu a visão de um olho em consequência de um glaucoma. Preciso pingar um colírio todos os dias no olhinho doente dele para que ele não sinta nenhum desconforto. Fico pensando como seria se ele estivesse na rua, tadinho... Que bom que o encontrei. Ele me deu 5 presentes, 5 filhotinhos que teve com uma cachorrinha que era da minha tia e que tb acabei adotando. Não tive coragem de doar nenhum, castrei e fiquei com todos. Hoje a Breda mora no céu, mas o Théo e sua linda família continuam me dando muitas alegrias.

Adotou um animalzinho de rua? Mande o seu depoimento para bichinhosprecisamdelar@gmail.com Ficaria muito feliz em publicá-lo.

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4 comentários:

  1. Que linda história, muito emocionante e muito bem escrita. Fiquei até emocionada. Que sorte teve o Théo em encontrá-la, anjo. bjs

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  2. Que linda história. Dá a sensação de que o amor é elástico. Quando desenvolvemos afeto por um animal, dificilmente, esse sentimento não se expande e não cria asas para outros bichos. O texto é lindo. S.

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  3. Se todos fizessem o que você fez, não existiriam animais abandonados nas ruas. Lindo texto, linda atitude!

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  4. Grande Theo! Linda Priscila!

    Amamos a história de amor entre vocês. Que exemplo de amor à vida! Aqui em casa também temos um Theodoro, ele é um gatão ruivão também adotado e muito amado. Eu mando beijos e ele mandar muitos purrs purrs #loveNpurrs.

    Adriana

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